terça-feira, setembro 20, 2011

Ser-se jovem

Os jovens são sempre, quanto mais jovens, mais insatisfeitos. E a insatisfação inerente a cada um deles pode roer-lhes os sentimentos e a razão de ser e existir, até aos confins do que se presume sempre ser o fim dos fins. Mas, para um jovem, não existem fins e sim consecutivos inícios de uma aventura que está sempre por terminar. Vive-se sofregamente o dia-a-dia, cai-se na cama à noite e dorme-se como num desmaio, para os sonhos megalómanos que se têm de dia voltarem com outras subtilezas inconscientes mas na mesma essência: o ego monstruoso a comandar os destinos atribulados; e de manhã recomeça-se tudo de novo, com a mesma energia, com a mesma vontade de encontrar o tudo que enche o vazio, com as mesmas ânsias de carregar às costas o mundo inteiro.

Olha-se para o mundo maravilhado, num mesmo momento seguro e inseguro e sempre com aquela embriaguez de se querer sempre mais e melhor. Um sol não chega, é preciso que o mundo apareça aos seus olhos, humanos, com mil sóis a brilhar ao mesmo tempo numa comunhão constante. E, à hora dos ocasos, quando as cidades se acalmam, passa a ser imperioso que o horizonte se encha desses astros de infinitas cores brilhantes, e que se ouça a canção silenciosa das estrelas que cantam todos as noite com fervor, todas as despedidas são ilusórias.

Sorri-se para as pessoas com a ingenuidade solta da felicidade, sem olhar a diferenças ou idades, com uma igualdade fraterna que abarca um todo incomensurável; os limites do tempo convergem para o mesmo olhar, e a força que nele reside é quase infatigável; e como a energia de que se dispõe jorra constantemente das misteriosas profundezas do ser, é necessário que se aviste num velho amigo os incompreensíveis, inimigos e firmes traços da maturidade para que a semente da sabedoria seja fortalecida. O confronto silencioso entre o jovem ávido e o maduro inconformado gera um equilíbrio universal em que se sustenta para o segundo a capacidade de enfrentar um caminho que já não é difícil e, para o primeiro outra, não menos importante, a de ajuizar o desconhecido e reflectir na imensidão da existência que o rodeia.

Neste movimento cúmplice, nesta dança humana, nesta relação geracional, quando o riso é estabelecido entre os dois, uma nova calma é restituída e ambos crescem um bocadinho na direcção do desaparecimento; a Morte, maldição para o jovem que tudo quer e salvação para o velho que já tudo tem, brinca no meio dos dois e sorri, também, contente e apaziguada.

sábado, setembro 17, 2011

sexta-feira, setembro 16, 2011

quinta-feira, setembro 15, 2011

quarta-feira, setembro 14, 2011

Sem som é melhor...

domingo, setembro 11, 2011

quinta-feira, setembro 01, 2011

Madrugada

Silêncio de grilos
auroras de estrelas
pensamentos tranquilos