domingo, julho 10, 2005

O beijo mortífero

Encolhi-me perante a majestade supérfula daquele pôr do sol. Tudo à volta se transformou num cor de laranja perfumado pelos odores indiscretos daquela primavera. Fosse eu um mosquito e desejaria poder voar o mais alto possível até poder tocar aquela bola laranja em forma de bolo suculento e borrado por um doce qualquer. Não me importaria de queimar as asas e cair finalmente, morto, se pudesse por um momento apenas beijar-lhe rapidamente a superfície escaldante. Viver e morrer é comum. Voar com um objectivo delineado, com estes pés agarrados como raízes a esta terra ilusionista é que se torna imprescindível e a única forma real de purificação que conheço. Para além do Yoga.

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