Uma história I
Andava às voltas à procura de um papel perdido desde que conhecera Helena, a sua ex-namorada. Esse papel continha a morada de uma paixão da infância; aqueles amores platónicos em que não se trocam beijos, em que a timidez é tanta que nos encontros por debaixo das árvores grandes dos jardins escondidos nem as mãos se tocam. Algo que fica no registo das melhores coisas que nos acontecem no principio da vida.
Numa tarde dois encontros. O primeiro, fugaz porque ele está de viagem e tem de continuar, em que ambos não conseguem parar de sorrir: "és mesmo tu?" "ena pá, nem acredito", e que acaba com o endereço dela no bolso de trás das jeans dele. "E a tua morada, não me dás?" "Não, depois escrevo-te!" Ela deve ter pensado que ele lhe mentiu e que não queria mais saber dela. Ele só desejava que ela pudesse saber que nada disso correspondia à realidade, a verdade é que no fim desse dia o segundo encontro entrou em cena.
Helena vinha com um daqueles vestidos leves de verão com duas alças; as costas, destapadas. Andava depressa e os seus cabelos longos iam acariciando-lhe a pele à medida em que as passadas os faziam levantar e baixar. Sorria muito. Ele, bem disposto, com a carta já quente e ainda no bolso de trás, ao vê-la passar ao pé da mesa onde bebia um sumo de laranja, gostou do seu aspecto e levantou-se rapidamente. Fez uma cena teatral em que se referia a ela como um antigo amor perdido e ela acabou a beber sumos e licores, dado que não tinha mais nada agendado para aquele dia, para não falar que gostou de imediato da figura e do sorriso daquele belo rapaz. Encaixaram os dois como uma daquelas peças de legos. Encaixaram de tal maneira que acabaram em casa dela na cama a mostrar um ao outro, encaixando-se, que a liberdade de acção não está separada da satisfação do dever cumprido. Começaram uma "amor para toda a vida" que durou sete meses e, precisamente no dia em que ele se viu sozinho, sem qualquer desejo de recuperar a relação com Helena, que se lembrou do seu amor de infância e do papelinho do bolso de trás das jeans.
Voltou o escritório de cabeça para baixo, desistiu da procura, foi-se deitar, leu as últimas páginas do romance filosófico, sorriu, apagou a luz e, mesmo quando ia para adormecer, lembrou-se do dia em que conheceu Helena, abriu muito os olhos e concluiu que o papel estava em casa dela.
Outro dia conto-vos o que ele fez para recuperar a possibilidade de se corresponder com Rute.
Numa tarde dois encontros. O primeiro, fugaz porque ele está de viagem e tem de continuar, em que ambos não conseguem parar de sorrir: "és mesmo tu?" "ena pá, nem acredito", e que acaba com o endereço dela no bolso de trás das jeans dele. "E a tua morada, não me dás?" "Não, depois escrevo-te!" Ela deve ter pensado que ele lhe mentiu e que não queria mais saber dela. Ele só desejava que ela pudesse saber que nada disso correspondia à realidade, a verdade é que no fim desse dia o segundo encontro entrou em cena.
Helena vinha com um daqueles vestidos leves de verão com duas alças; as costas, destapadas. Andava depressa e os seus cabelos longos iam acariciando-lhe a pele à medida em que as passadas os faziam levantar e baixar. Sorria muito. Ele, bem disposto, com a carta já quente e ainda no bolso de trás, ao vê-la passar ao pé da mesa onde bebia um sumo de laranja, gostou do seu aspecto e levantou-se rapidamente. Fez uma cena teatral em que se referia a ela como um antigo amor perdido e ela acabou a beber sumos e licores, dado que não tinha mais nada agendado para aquele dia, para não falar que gostou de imediato da figura e do sorriso daquele belo rapaz. Encaixaram os dois como uma daquelas peças de legos. Encaixaram de tal maneira que acabaram em casa dela na cama a mostrar um ao outro, encaixando-se, que a liberdade de acção não está separada da satisfação do dever cumprido. Começaram uma "amor para toda a vida" que durou sete meses e, precisamente no dia em que ele se viu sozinho, sem qualquer desejo de recuperar a relação com Helena, que se lembrou do seu amor de infância e do papelinho do bolso de trás das jeans.
Voltou o escritório de cabeça para baixo, desistiu da procura, foi-se deitar, leu as últimas páginas do romance filosófico, sorriu, apagou a luz e, mesmo quando ia para adormecer, lembrou-se do dia em que conheceu Helena, abriu muito os olhos e concluiu que o papel estava em casa dela.
Outro dia conto-vos o que ele fez para recuperar a possibilidade de se corresponder com Rute.
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