sexta-feira, junho 07, 2013

Quem és tu?

No outro dia vi-a sentada de olhar esvaziado para lá da linha do horizonte. O mar, imóvel, parecia uma grande pedra de mármore azul e verde sobre a qual as gaivotas dançavam, numa tranquilidade a transbordar da tensão que todos os animais experimentam quando são naturalmente obrigados a viver uns com os outros; a harmonia do voo conjunto era interrompida por movimentos bruscos de ataque e manutenção da hierarquia estabelecida no grupo. As gaivotas são como alguns homens, só estão em paz quando a guerra as faz voar.
Aproximei-me dela que rodando o olhar fixou os olhos nos meus. O infinito dela acomodou-se dentro do meu. Ela fechou os olhos e desmaiou. Nesse momento senti uma dor feroz na cabeça e também sobre mim as trevas tombaram . Quando acordei, na cama dela, vi o passado sob a espada do presente, e ela, ao meu lado, sentada numa cadeira de balanço e olhando para dentro da parede do quarto, sorria, pacificada. No seu colo repousava um pequeno caderno onde pude ler, escrito a sangue e em maiúsculas: “EU SOU EU! QUEM ÉS TU?”.

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