quarta-feira, maio 22, 2013

O amor

Tenho cem olhares solitários sobre mim. Cada um desses olhares tem dez olhares que os olham e cada um desses dez olhares busca apenas um olhar. As palavras são mil, as que ouço são cem e as que falo são dez. As possibilidades são infinitas, mas sobre os meus fortes e pobres ombros tenho o gigantesco peso da publicidade. Se cumpre compre! Se não vejo televisão há meses é por me ter habituado. Ao princípio fez falta, mas depois habituei-me. Habituei-me a não ter televisão. Não é como o amor. O amor, quando não se tem faz sempre falta. O amor são mil sementes em cada coração a germinar a cada passo que se dá. O amor são as palavras que o alimentam. O amor está sempre a nascer e sempre a morrer. Das mil sementes só dez têm chances de crescer para fora do corpo e dessas dez, só uma está em condições de esgrimir contra e a favor de outra semente em crescimento  noutro coração, para fora de outro corpo. Porque o amor não é só crescer e ser amor por ser. O amor também é luta e dor. Dor a cada semente que cai no campo de batalha que é a vida dos amores. Luta a cada momento em que a solidão é pior do que esgrimir; esgrimir para fora de nós no campo de batalha e de amor que é o outro. Mas o outro são mil. Que se transformam em cem; que se transformam em Um.
 Escolho-te. É um desperdício de amor não seres tu, agora, o meu amor.

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