sexta-feira, maio 10, 2013

A catástrofe

Os dias soalheiros acabavam à medida que se aproximava a grande estação do verão… O calor debaixo das nuvens concentrava-se, molhando as camisolas dos transeuntes. O jardim e as ruas estavam cheias de turistas que observavam e apontavam uns aos outros um ramo de uma árvore, uma janela barroca, ou outro qualquer pormenor, aos seus olhos mais significante. Os taxistas, naquele momento, empurravam os seus carros a fim de avançarem na fila, agora com dois lugares vagos. Um grupo de crianças dividia-se em duas equipas e jogava futebol no anfiteatro exterior, sob o olhar atento de dois professores que iam descongestionando as dinâmicas, orientando-os para valores construtivos e humanistas. Foi quando tudo se deu. Um avião, num minuto, caiu e bateu na torre da igreja que vomitou pedras para cima das crianças, dos professores, dos turistas e dos taxistas, abraçando no seu despenhamento todo o jardim e ruas adjacentes, lembrando os jornais nacionais a efemeridade das vidas humanas, ao mesmo tempo fortes como os circuitos electrónicos do computador e frágeis como pequenas velas acesas na eterna escuridão da morte.

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