segunda-feira, julho 29, 2013

Ler, escrever, viver e morrer

Ler é interpretar os símbolos e transformá-los em algo pessoal e novo. Mas o que se escreve, logo após estar escrito, já tem idade avançada, é velho, como uma carruagem muito usada.
Escrever, no entanto, é ler ao contrário. É sempre novo, para deixar no papel o velho para onde o tempo leva tudo; sobretudo a nós, que somos seres pensantes e um bocadinho mais que novos, sobretudo a nós o tempo leva para o buraco negro do fim de um dia, de uma semana, de uma vida, para o buraco negro que é ser velho.
Escrever é o novo que deita cá para fora o velho que há em nós; é estar no silêncio e falar ao mesmo tempo, até se tornar rouca, essa singular forma de voz; é estar sentado e voar em direcção às asas de um outro olhar que, solitário, se faz acompanhado na sua luta de se ser absolutamente livre, absolutamente social, absolutamente real.
Mas eu não sei o que é ser velho! Deve ser mais que um conjunto de rugas no rosto, deve ser ambicionar viver para lá do sol-posto, e no fim querer-se morrer na calma com que se mata um desgosto.


2 Comentários:

Blogger Val Du disse...

Ser velho é mudar por completo.
Ou será apenas mais uma palavra?:)

1:22 da manhã  
Blogger Filipe disse...

Lita, bem-vinda ao dessidi!
Por aqui diz-se que velhos são os trapos...
Mais uma palavra para "idoso"; acho que não "apenas mais uma", porque a quantidade de palavras caracteriza o nível de riqueza do idioma.
Talvez ser-se velho, na vida, seja estar-se cansado. O trapo que é o corpo envelhece; a verdadeira força, a mente, treinada, que aprende constantemente, acutila-se, aprimoriza-se, torna-se mais forte a cada dia que beneficia da existência;talvez possa até sobreviver à senilidade; Acho que, não obstante, o importante é cuidar bem de ambos, em conjunto com as emoções e viverem os três em harmonia na persecussão de objectivos de vida.

Beijos nessa tua cara laroca!






9:16 da manhã  

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