quinta-feira, janeiro 08, 2009

Adeus princesa Beta

Recreei a tua imagem para me poder lembrar sempre de onde vieste, como vieste. Depois apaguei-a com um pano que tenho dentro da mente. Sempre que quero lembrar-te desenho o teu rosto e o teu sorriso com um giz que tenho dentro da cabeça. Às vezes também de desenho a chorar, outras, a gritar comigo, furiosa. Agora volto a apagar-te, mas noto que de cada vez que te desenho e apago uma marca de amor indelével permanece, por muito que me esforçe por eliminá-la. Arranjo outro apagador na mente, mais eficiente. Apago tudo, espero, mantenho-me em silêncio, sorrio, contemplo, medito, volto a esperar, mas de um momento para o outro o mundo torna-se demasiado pesado para que o possa aguentar e conter sozinho. É nesse momento que volto a desenhar-te. Desenho-te a apertar uma mão, indiferente a quem pertence. Passo a desenhar freneticamente até que os desenhos, sucedendo-se uns aos outros, se transformam em animação. O tempo passa e aquela mão que te aperta, que te ama, te protege aperta demais, magoa, não te larga e te dá a entender que o amor não é dar a mão a alguém. O amor não é altruísmo que é a outra face do egoísmo, o amor é quando a mão do outro nos toca envolvendo-nos o corpo todo oferecendo-nos o futuro, pretendendo saber o que é o amor... Queres ir embora e não tens para onde ir. Faço dois últimos desenhos, um em que estás no impasse entre ficar e ir, o outro em que tiras da carteira o telemóvel. Não chores. O meu número está em ti. Os corações não se possuem, apenas batem uns pelos outros e o meu, neste momento, bate pelo teu e é esta a forma que tenho de te dizer que te amei, estás tão longe que não posso saber se te amo ou se o que amo é apenas o reflexo do que foste. Talvez a mão que te aperta e não te larga seja a minha, não... não é, a minha apenas está estendida, estendida como tentáculos de polvo que tacteiam no escuro, buscam no vazio e anseiam saber se estás bem.
A partir de hoje as minhas mãos serão estas, estendidas, apenas amigas, sempre prontas para saber de ti, prontas para te ajudar no que puder.

1 Comentários:

Blogger Arábica disse...

As mãos.


Sempre as mãos.


Em laço, em nó, em aceno de despedida, vazias, na espera...

3:51 da tarde  

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