domingo, julho 08, 2007

O presidente

Entrei no bar com a confiança abalada por sorrisos irónicos e olhos sarcásticos. A mesa estava repleta de colegas viciados. Merda, pensei, há um lugar vazio, vou ter de me sentar com eles. Servi-me de café e sentei-me no meu lugar. O sr. Ricardo, nesse momento entrou na sala e, ao balcão, serviu-se de café e começou a bebê-lo com o olhar compenetrado num sítio qualquer muito longe dali. Deu-me vontade de me levantar e ir ter com aquele homem mas, parecendo-me uma atitude demasiado ostentiva, deixei-me estar no meu lugar. Foi então que tudo começou. E as palavras que vão ouvir foram sempre faladas no tom elevado que se usa para falar às multidões.
O Presidente perguntou, Quem é que está com o Sr. Ricardo?
Por instinto respondi no mesmo tom, Em que causa???
-Vou despedi-lo!
-Por que motivo?
-Por não ter cumprido ordens que lhe dei!
-Que ordens foram essas?
-Mandei-o limpar o campo lá de fora e ele recusou.
As pessoas presentes giravam mecânicamente as cabeças, ora para o Presidente ora para mim, e às vezes dirigiam o olhar para o Sr. de quem se estava a falar que se mantinha imperturbável olhando o chão.
- Fazem parte das funções dele, limpar o campo lá de fora?
O Presidente baixou a voz, Não vem no contrato mas eu mandei- e lavantando a voz de novo- E sou eu quem manda aqui!!!
Nesse momento não me surgiu resposta e o Presidente voltou à carga, Quem está com o Sr. Ricardo que se levante.
As pessoas presente entreolharam-se com os peitos oprimidos e deixaram-se sentados.
Filhos da puta cobardolas, pensei, não mexem um dedo para calar este banana. Olhei-os a todos, puxei a cadeira para trás e comandei as pernas para para me colocar ao lado daquele gigante intocável.
Na cara do Presidente, ao olhar para mim, acendeu-se um sorriso trocista e um brilho malicioso no olhar. Ia começar a falar mas uma coisa imprevista aconteceu perante nossa genuína incredulidade: A D. Aninhas, mulher de 72 anos, levantou-se e veio ter connosco gritando, Ando farta desta merda!
Atrás da D. Aninha veio o Sr. José que arrastou o colega Vasco que deu autoridade à mulher Nicole, cuja coragem redobrada animou a D. Amanda, restando apenas três pessoas com o Presidente. Eu ainda pensei, ainda se vão levantar e aquele corno vai ficar sozinho.
Mas enganei-me. O presidente, de cara avemelhada pela cólera levantou-se espumando saliva pelos beicos de animal de carga gritando, Não faz mal!!!vou despedi-lo à mesma!!!!, saindo de passadas largas pela porta que não lhe servia a não ser pelo facto de ser a que mais perto estava. Os outros três, sem saber o que fazer, acabaram por se levantar, todos ao mesmo tempo, para, em passadas rápidas, seguir aquele que era o seu mestre.

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