segunda-feira, agosto 24, 2009

O cheiro

Nas minhas deambulações pela cidade aconteceu-me uma coisa engraçada. A determinada altura, passando por uma catedral quinhentista e avançando pelo meio da população, determinado a apanhar um autocarro, senti um cheiro mau, perturbante, pesado, que se entranhava em mim como uma cola peganhenta. Olhei as pessoas em volta que pareciam alheias a tudo e comecei a amaldiçoar a civilização. A competição predatória capitalista que atira milhares para a pobreza. As guerras de interesses petrolíferos que matam milhares de inocentes. As manhas humanas instituídas nas malhas da sociedade que visam a segregação de alguns. Os pais que batem nas suas crianças porque estão afogados nos seus egocentrismos. O tráfico de mulheres e de drogas. As doenças psiquiátricas e outras incuráveis. O lucro desenfreado....
Quando dei por mim estava a falar alto palavras contra o Homem e a esbracejar como um escaravelho que deu a volta sobre si mesmo. Parei e vi que estava num campo verdejante já fora da cidade. E o cheiro continuava. Era o meu.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial