Paz e violência
Esplanada num miradouro inundada de sol. O pombo estava deitado no muro a apanhar sol. Fiquei deliciado a olhá-lo e a contemplar aquela calma solitária. Alternava o olhar com o casal da mesa ao lado. Mas estes, embora calados, tinham-se um ao outro para confiar um qualquer pensamento emergente, um qualquer sentimento mais exaltado. Fitei o pombo mais uma vez e longamente. Mas sem reparar como, distraí-me e voltei a mergulhar no livro. Quando levantei outra vez os olhos o pombo já não estava só. Outro tinha pousado ao seu lado e enfiava o bico nas suas penas. Depois houve retribuição. E já eram os dois a mergulhar os bicos nas penas do outro. Olhei o casal de humanos, olhei o casal de pombos, pensei nela e...voltei à sala onde o príncipe se encontra parado no tempo e ao sabor da minha vontade a explicar aos seus opositores, diante dos seus amigos, que as suas intenções, afinal, não iam contra o pensamento daqueles. Há uma passagem nesse acto que me surpreendeu: "...refugiou-se num canto, escondendo o rosto nas mãos. Experimentava um intolerável sentimento de vergonha, e a sua alma de criança, que ainda não pudera familiarizar-se com as baixezas da vida, estava imensamente perturbada."
Olhando agora de longe e só com a memória, aqueles pombos ao sol, o sorriso dela ou o seu olhar azul e doce, inteligente e profundo as baixezas da vida perdem força e deixam de existir completamente; é nestes momentos que o meu peito se enche de ar; e como não tenho mais nada para fazer, ponho-me a encher balões.
Olhando agora de longe e só com a memória, aqueles pombos ao sol, o sorriso dela ou o seu olhar azul e doce, inteligente e profundo as baixezas da vida perdem força e deixam de existir completamente; é nestes momentos que o meu peito se enche de ar; e como não tenho mais nada para fazer, ponho-me a encher balões.
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