domingo, junho 25, 2006

Almas gémeas

Ela chegou. Ele tanto esperou que não acreditou. Ela partiu. Ele então percebeu. Veio e foi, como uma onda de mar que refresca as pedras quentes de sol.
Ele chorou. Uma velha chegou e viu-o secar o rosto. Ela perguntou. Ele contou. Ela sorriu:"Um dia há-de voltar". Ele sorriu e acreditou. Em quantas mentiras se pode sossegar uma alma humana?
Os dias passaram. A velha morreu. Ele envelheceu. Viveu num lar. Onde a encontrou. Olhava para ele com o sorriso igual. Fizeram amor. Contaram tudo. Exceptuando os amores. Em manteiga não se barra manteiga. Viveram felizes e numa noite serena a morte chegou. Levou-os aos dois. Numa única viagem.
Disse-lhes adeus e chorei a sorrir.

2 Comentários:

Blogger musalia disse...

dor recompensada...ainda a tempo de um pouco de felicidade.
nem sempre a vida acaba assim, com tanta seenidade...

beijos.

11:50 da manhã  
Blogger Filipe disse...

pois...
lembro-me de uma historia com um cego que vende bilhetes de lotaria. Às tantas eu quis pôr-me na mesmas circunstância que ele e fechei os olhos. A conversa fez-se e veio à baila a morte. Eu disse-lhe sorrindo levianamente:" a mim não me importa a morte" ou qualquer coisa do género que não me lembro bem. do que lembro foram as palavras dele, saídas das suas entranhas mais profundas "Você não deve quere morrer...quando uma pessoa está na cama, e aqui ele carregou a voz, cheio de dooooores... Automaticamente abri os olhos e percebi quão parvo estava a ser, aquele homem tinha razão.

11:52 da manhã  

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