Ler, escrever, viver e morrer
Ler é interpretar os símbolos e transformá-los em algo pessoal e novo. Mas o
que se escreve, logo após estar escrito, já tem idade avançada, é velho, como
uma carruagem muito usada.
Escrever, no entanto, é ler ao contrário. É sempre novo, para deixar no papel o velho para onde o tempo leva tudo; sobretudo a nós, que somos seres pensantes e um bocadinho mais que novos, sobretudo a nós o tempo leva para o buraco negro do fim de um dia, de uma semana, de uma vida, para o buraco negro que é ser velho.
Escrever é o novo que deita cá para fora o velho que há em nós; é estar no silêncio e falar ao mesmo tempo, até se tornar rouca, essa singular forma de voz; é estar sentado e voar em direcção às asas de um outro olhar que, solitário, se faz acompanhado na sua luta de se ser absolutamente livre, absolutamente social, absolutamente real.
Mas eu não sei o que é ser velho! Deve ser mais que um conjunto de rugas no rosto, deve ser ambicionar viver para lá do sol-posto, e no fim querer-se morrer na calma com que se mata um desgosto.
Escrever, no entanto, é ler ao contrário. É sempre novo, para deixar no papel o velho para onde o tempo leva tudo; sobretudo a nós, que somos seres pensantes e um bocadinho mais que novos, sobretudo a nós o tempo leva para o buraco negro do fim de um dia, de uma semana, de uma vida, para o buraco negro que é ser velho.
Escrever é o novo que deita cá para fora o velho que há em nós; é estar no silêncio e falar ao mesmo tempo, até se tornar rouca, essa singular forma de voz; é estar sentado e voar em direcção às asas de um outro olhar que, solitário, se faz acompanhado na sua luta de se ser absolutamente livre, absolutamente social, absolutamente real.
Mas eu não sei o que é ser velho! Deve ser mais que um conjunto de rugas no rosto, deve ser ambicionar viver para lá do sol-posto, e no fim querer-se morrer na calma com que se mata um desgosto.