sexta-feira, outubro 19, 2007

Eu

Eu sou bom
Eu sou forte
Eu estou bem
Eu tenho imaginação
Eu faço parte de um mundo lindo onde todas as cores de quando em quando brilham enchendo-me de prazer
Eu gosto de conhecer
Eu gosto de cantar
Eu gosto de olhar e descobrir, por detrás de cada olhar, um outro ser, tão lindo quanto eu
Eu gosto de ensinar
Eu gosto de aprender
Eu sou bom
Eu sou forte
Eu estou bem
Eu tenho imaginação
Eu faço parte de um mundo lindo onde todas as cores de quando em quando brilham enchendo-me de prazer
Eu gosto de conhecer
Eu gosto de sonhar
Eu gosto de olhar e descobrir, por detrás de cada olhar, um outro ser, tão lindo quanto eu
Eu gosto de ensinar
Eu gosto de aprender
Eu sou bom, forte, estou bem e tenho imaginação.

terça-feira, outubro 16, 2007

ABRAXAS

E sirva este post para espalhar a tua existência divina entre os homens.

Houve um tempo em que chorava por tudo e por nada, como que adivinhando o terrível destino que o aguardava, à espreita por detrás dos olhos de um irmão amargurado, de um pai zeloso ao extremo da violência e, por último, de uma história humana por demais desumana.
Chegado a casa depois de um dia de trabalho genuíno ele pensava "E os tempos de guerra qualquer avô viveu, os tempos de guerra qualquer recém-nascido testemunha. Nós vivemos em tempos de guerra e queremos ser humanos mas não somos."
O telejornal informava-o de duras realidades sociais.
"Está tudo interligado - pensava - e eu sou um comunista de merda que não luta!"
Aos 18 anos decidiu não falar e o pai arrancou-lhe da boca as palavras de um derrotado. O pai sempre fora o mais forte.
Os olhos agora abriam-se-lhe para um mudo sujo, mesquinho, construído em plataformas de estratégias enganadoras. Mulheres e homens a cuspirem o veneno da mentira em prol da vantagem de um fraco protegido. Tudo gente que agora tinha forçosamente de enfrentar e dominar. Tecer entre todos alianças que o permitissem atingir os seus objectivos: Trabalhar em prol da humanidade que ainda não existe em plenitude, mas sim num sonho de alguns videntes.
E este homem, mais cansado de manhã que de noite, aprendia no dia a dia que nele existia uma identidade mais alta que ele próprio, uma identidade que por vezes se revelava quando sozinho, talvez tímida e envergonhada, talvez a ganhar simplesmente força para um dia se erguer numa única voz e expressão, entre as gentes que mais dela precisa: a identidade de um vidente.
"Há tanta pobreza neste mundo, minha grande divindade Abraxas, tanta gente que acaba por nunca nascer verdadeiramente... eu digo-te isto meu criador aparecido para me salvar, finalmente, digo-te isto imaginando as cascas do meu ovo a deslizar num muco gelatinoso pela minha pele de homem jovem. Exorto-te agora, ó grande Abraxas, que me ensines conforme puderes a forma melhor de ser bom e mau, mau e bom, pois eu estou ciente que nem sou só mau e nem sou só bom. E mais te digo meu deus: Não me facilites a vida. Quero nascer, quero nascer e não tenho medo!"