segunda-feira, julho 31, 2006

Algarve

Mantarota, água a 22ºC.Hhhhhhhmmmmmmmmmmmmmm!

quarta-feira, julho 26, 2006

Lyra

Continuo a achar uma pena não teres por aí os comentários activados...
No entanto...BOAS FÈRIAS!

Memória

Eram três barcos equiibrando-se na linha do horizonte. Da praia o homem pensava, com a sombra da palmeira a refrescar-lhe a pele quente, qual deles iria desaparecer para o outro lado do mundo. Se calhar nenhum, mas se um deles seguisse rumo a Sul, o fim visual estaria eminente.
Assim, girava a cabeça de Oeste para Este e de Este para Oeste, mantendo-se atento ao pretenso estaticismo e silêncio dos barcos.
Ver um barco desaparecer no horizonte, pensava, assemelha-se a olhar no céu da noite uma estrela que se extingue; um passe de magia, um testemunho inexorável do tempo; o tempo que traz e leva os momentos presentes, ofertas divinas que os homenns beneficiam simplesmente por existirem. Tudo passa até ao momento em que nós próprios passamos para um estado de solidão cósmica, de braços abertos, de peito inchado e engrandecido pela beleza da Natureza viva, da qual somos uma ínfima parte.
Distraiu-se um pouco a olhar para uma página em branco e quando deu por si, a sombra escapulira-se e a sua cabeça rapada já aquecia sob o olhar atento do Sol. Olhou para o horizonte e só viu um dos barcos, o maior. As estrelas extinguiram-se e ele perdeu o fenómeno. Porém, não ficou triste. As raparigas riam e gracejavam à sua volta, o mar lambia as pedras tocando com elas uma melodia ancestral e uma jovem chapinhava na água; se não olhasse poderia bem imaginar tratar-se de uma criatura marinha.
Com o sol a preparar-se para se despedir daquele dia, as raparigas já se haviam calado há muito, o mar deixou de brincar com as pedras e a rapriga que chapinhava saiu da água com a pele enregelada.
Tudo passa, tudo. Mas na efemeridade das coisas encontramos pequenino consolo: o de percebermos que, afinal, ficam, as coisas, connosco para sempre.

terça-feira, julho 25, 2006

Alcácer do Sal

Em casa do papá. A refeição foi boa. A noite está tranquila; o pior são os mosquitos.
Raios partam os mosquitos.

segunda-feira, julho 24, 2006

Meu amor

Havia um farol naquela ilha. As pessoas costumavam reunir-se perto dele nas noites quentes de verão. Foi numa delas que eu a conheci: distanciada do grupo, meditava com os olhos fechados virada para este. Não é que quisesse virar costas ao grupo, não, queria apenas estar virada para a zona donde o sol apareceria. Eu apaixonei-me imediatamente pela sua figura.
A noite deu lugar à madrugada e as pessoas começaram a dispersar, cada uma para cada casa. Ela manteve-se sentada e eu não tive coragem de a abordar, de interromper a sua viagem. Quando o sol deu o seu primeiro alerta na forma de uma cor azulada no horizonte, ela teve um estremecimento; porém, não abriu os olhos e um pássaro surgiu para parar, batendo as asas, bem acima da sua cabeça. Eu tinha a máquina fotográfica à mão; tirei várias fotos, mesmo quando o pequeno ser alado pousou no seu ombro. Ela girou a cabeça e com os olhos fechados parecia que me olhava. Quando os abriu mergulhou o olhar directamente nos meus olhos. Soubemos. Sorriu. Sorri. O sol apareceu. O pássaro voou para mim, pousou no meu ombro. Ela levantou-se, caminhou até mim, deu-me a mão e sem dizermos qualquer palavra começámos ao mesmo tempo a caminhar. Passado 20 minutos ela perguntou. Por ali ou por acolá? Por ali, respondi. Um pouco mais à frente ela voltou a perguntar, por ali ou por acolá? E eu respondi, escolhe tu meu amor. E fomos. Por acolá.

domingo, julho 23, 2006

Saber viver

Dou um pontapé num maço de tabaco e penso "incivilizados!".
Mais à frente vejo uma casca de banana.
Depois olho para o lado e vejo um caixote do lixo. Xissa!
No dia seguinte leio num livro o capítulo que propõe dedicarmos tempo sem fazer juízos de qualquer espécie. Paz.

quinta-feira, julho 20, 2006

Prof. Adelaide e Prof. Saavedra

Obrigado pelos votos de confiança feitos há tantos anos atrás. Não os consigo esquecer.É bom lembrá-los. Estejam onde estiverem, desejo determinantemente que estejam bem, aliás e já agora, desejo o mesmo para todos quantos conheço. A vida é bela, a vida é bela, a vida é bela, a vida é bela, a vida é bela.

segunda-feira, julho 17, 2006

Almada

Casa da mamã. O almoço já está em preparação.
Afinal o meu avô fez 82.

sábado, julho 15, 2006

para dizer que estou em Almeirim, o meu avô faz anos, 83.
Cybercafe. A minha família está ali numa mesa. Vou já para lá. Percebem?
O meu avô? Está em casa com 83 anos. Parabens Vô. Que vivas até aos cem! Sem medo da morte.

quinta-feira, julho 13, 2006

Indiscutivelmente

Estou a perder o dom que tinha para a escrita.
A vida é bela, o fluxo existe e devemos manter-nos com toda a atenção dentro dele. Tudo o resto acontece segundo as leis da natureza.
Um pouco como o taoista pensa.
Abraço a todos os poucos que me têm seguido e votos de muitas e grandes felicidades

segunda-feira, julho 10, 2006

O caminho

No outro dia fui dar um passeio de descoberta. Parei o carro numa aldeia pequenina e enverguei por um caminho indicado por um ancião que repousava à sombra de uma grande árvore tropical. Por entre aquelas duas grandes rochas, disse-me, encontrará um caminho que o levará bem longe daqui; e se quer que lhe diga a verdade esse caminho é mágico e ambiguo, tanto pode levá-lo ao paraíso como ao inferno, depende de si.
E mostrando-me as gengivas num enorme sorriso e olhar malicioso, acrescentou, pense duas vezes. Retribuí-lhe o sorriso e desejei-lhe um resto de vida bom. Virei-lhe costas, mas não tinha ainda dado dois passos, parei, e voltei a cabeça para trás a fim de lhe perguntar se já tinha feito aquele caminho. O ancião já não estava lá. Não preciso de explicar com muitas palavras o quão surpreendido fiquei. Fiquei surpreendido, e sem querer pensar no assunto virei-me resolutamente em direcção às duas rochas para começar a minha aventura.
Chegando à entrada, ou seria a saída?, uma ave de rapina apareceu dela e arranhou-me levemente o crâneo, ao mesmo tempo que levantava vôo guinchando, em direcção a um poste de iluminação antigo. Da base do poste surgia uma melodia doce de flauta de madeira. O velho ancião, de olhos fechados, tocava com uma expressão de total sofrimento. Aquele sofrimento paradoxal que experimentamos quando estamos a sentir algo de trascendentalmente muito bom e que nos toca no íntimo. De repente abriu os olhos que se fixaram directamente nos meus, atirando-me para cima a maior calma do mundo. Então perguntei-lhe, já fez alguma vez este caminho? e ele respondeu, trinta e cinco vezes! A voz dele, apesar de ter sido indiscutivelmente real, chegou a mim sem que ele tivesse movido os lábios.
De coisas insólitas está o mundo cheio, pensei, e entrei no caminho convicto de que ia encontrar portas por abrir.
Passado somente 30 metros o caminho abria-se em dois. Tomei o esquerdo. Outros 30 metros à frente e lá estava o caminho a dividir-se outra vez em dois. Insisti no esquerdo. Caminhei mais 30 metros e o caminho continuava em frente até surgir uma pequena curva à direita, que desembocava num túnel donde saía o mais abrupto tipo de escuridão que alguma vez presenciei; uma escuridão que me lambia o rosto comprimindo-o a três dimensões. Foi então que pensei, vou ficar aqui para sempre, isto é o inferno. A palavra surgiu-me na mente, INFERNO, com todo o poder das maíusculas. Porém, essa palavra sofreu uma rápida e completa metarmofose, surgindo dela um pequeno ser todo branco que, alado, voou dentro do meu cérebro expandindo-o temporalmente. Vi o começo da própria vida. Átomos a juntarem-se aliatoriamente, formando moléculas, as moléculas juntarem-se a outras formando seres simples e todo o caminho percorrido dos mares até à terra. Um caminho que todos nós percorremos. Depois só vi sangue. Guerras ancestrais onde os mortos já eram humanos, onde os vivos humanos eram, e lembro-me com a claridade de um cristal de me aparecer à frente Hitler que, rodeado de merda, sorria como uma criança contente. Quando deixei de o ver reparei que tinha os olhos fechados e, quando os abri, estava com a ponta dos pés a saborear o vazio de um precipício donde se podia ver uma extensão interminavel de vales e montanhas, pintados com o verde da natureza virgem. Eu não dei um passo, no entanto, quando percebi já estava caindo por ali abaixo, percebendo que a morte era inevitável para mim. Aceitei-a e gozei a última viagem. Ao bater no solo morri instantâneamente. Não sei como estou a escrever isto.

sexta-feira, julho 07, 2006

Espanha

Os nossos vizinhos têm na sua linguagem escrita uma subtileza que nós bem podíamos adoptar: O ponto de interrogação vem não só à frente mas também atrás de cada frase interrogativa.

Os cães simpáticos (sempre a andar)

Na Ilha da Madeira, acompanham os turistas, com uma postura altiva e sorriso enorme no focinho. Os mais experientes chegam à beira do hotel e já sabem que ali lhes é interdita a entrada. Páram e ficam, com o olhar, a acompanhar os seus amigos que desaparecem por detrás das grandes portas de vidro.
!Como eles aprendem tão bem que todos os dias se impõe dizer adeus.

Pensamento do dia

Quando decidires agir não deixes que o pensamento te detenha.

quinta-feira, julho 06, 2006

Lugares

As pedras, inchadas de tanto serem pisadas, gritavam em silêncio os nomes dos transeuntes. Para os mais atentos, surgiam histórias passadas, encontros alegres e discussões acesas. Tudo escrito nas pedras da calçada daquele átrio que se estendia da igreja secular. Esta era dotada de um torre alta onde no cimo dançavam sinos que alegremente tocavam o adagio da 9ª sinfonia de Beethoven.
Passei lá uma vez por acaso e desde então que todos os dias vou lá. Encontro sempre um pombo a quem dou comida. Neste momento já está mais gordo que um macaco gordo. Este pombo tem um comportamento inusitado, diferente e até suicida. Mantém-se quieto num sítio muito dele e deixava que as pessoas se desviassem, nunca fugia de um eminente pontapé. E foi isso que me atraiu nele. Aquela segurança, à partida estúpida, mas que transparecia a existência de uma relação forte e coesa com o Universo. Observei-o muitas horas e percebi muito rapidamente que para ele tanto lhe fazia. Vivia simplesmente, como um pombo qualquer, a não ser pelo desprezo pelos passos que nunca lhe acertavam e portanto por uma explícita ausência de medo. Quando voava, voava como os outros e não se podia distinguir dos demais, mas quando pousava, pousava e ficava. Um pouco como aqueles homens que sabem o que querem. Olham, gostam, e ficam, até que um dia são compreendidos e ficam sozinhos. Darem-se a conhecer é fundamental e incontornável para todos e eles fazem-no tão bem, tão convicta e naturalmente que o mistério desaparece e, já disse, ficam sozinhos. Porém essa solidão é material, porque dentro deles, porque se deram a conhecer ficaram conhecendo, bailam todas as almas que nas deles tocaram. Eu digo isto com algum sentimento de pertença ao grupo, porém, na verdade, não sei, só sei que tenho almas a bailar dentro de mim.
Se calhar amanhã não vou encontrar naquele átrio o pombo que tanto me fascina e se isso acontecer não faz mal; já o tenho dentro do peito, única forma existente de se possuir verdadeiramente outro e qualquer ser vivo.
Se conseguiram visualizar o pombo...ele vos pertence.

terça-feira, julho 04, 2006

Lugar so sol

É impossível determinar se as funções organísticas de uma sociedade estão bem delineadas se não forem avaliados os resultados, a longo prazo, em cada indivíduo.
A luta por um lugar ao sol é determinante na nossa e a base de todo o tipo de vida humana, exceptuando, talvez, a parasitária.
Importa determinar se na sociedade em que vivemos existem classes sociais parasitárias. Em caso afirmatico cabe lutar contra elas.