sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Polémica

É a ambição do homem novo igual em força à da mulher emancipada mas diferente na forma:
O homem novo deseja TUDO o que possa possuir, a mulher emancipada deseja principalmente o que Não pode ter.
Ora parece-me que, se a ambição do primeiro é ilusória e infantil a da segunda é paradoxalmente estúp...mas, eventualmente, necessária...
Ao homem novo resta-lhe amadurecer para perceber que só deve querer o que necessita...Mas que resta a uma mulher emancipada? A escravidão...!
Resta-lhe encontrar o género de escravidão que melhor se adequa, não à sua Natureza Feminina e Universal, mas à sua natureza Humana e particular. E é precisamente este encontro que lhe proporcionará a verdadeira liberdade.

Consciência responsável

A morada estava toda escrita convenientemente. Apenas faltava lá “Madeira”
O carteiro olhou para o envelope, sentiu-lhe o peso, tentou adivinhar o que continha, fechou os olhos como quem saboreia o recheio doce e fresco de um rebuçado de mentol, sorriu à maneira de um Mago Celta e, finalmente, colocou o subscrito no saco a despachar para o Alentejo.
Passado um mês, um avião levantava voo do Funchal, carregando entre homens e animais, uma carta de reclamação sobre uma encomenda que devia ter chegado há três semanas atrás.
Aterrou em Lisboa para fazer desabar sobre os ombros do carteiro uma responsabilidade imensa: reaver o pequeno pacote, despachado por ele havia um mês; “sim, sim…!” pensava ele enquanto rolava dentro das órbitas os seus olhos perscrutadores de memórias arquivadas-“…aquele carregador de baterias…!”
Não precisou de se movimentar muito para descobrir onde tinha ido parar a encomenda. Esta repousava na prateleira de uma mercearia de uma localidade do Alentejo com o nome idêntico à de uma da Ilha da Madeira, não interessa qual, dado ser esta uma história fictícia, prometida, e realizada na esperança vã de contribuir para que um dia volte a ser a palavra de um homem suficiente para que o contrato entre duas partes seja feito em certeza e tranquilidade.
Ora tendo o carteiro reavido a encomenda perdida aligeirou-se-lhe o coração de tal forma que desatou a dançar com o pequeno pacote, justamente embriagado por ter solucionado um problema que ele próprio, e só ele, havia criado.
Depois da dança apressou-se a despachar o pacote para a Madeira mas não sem lhe colar uma pequena etiqueta: “Favor verificar se o produto está em condições e se assim não for, telefonar para Mendonça Redol, a pagar no destinatário, 924454567, que me comprometo a pagar os estragos que poderei ter causado.”

sábado, fevereiro 18, 2006

pois é

A testa doi-me da tensão e o coração, só, arde-me de solidão. Assim sorrio. Por saber que afinal és ainda mais bela do que pensava. Já não dá para nos enganarmos um ao outro...A tensão...acho que só se esvai no momento em que o meu olhar te acariciar.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Saudades

Um grande beijo e abraço para a Ana Paula, espero que, esteja onde estiver, esteja bem e de saúde, e que tenha muita sorte e sucesso na solução dos problemas que se lhe colocarem.

Poesia

Eu sei o que é a poesia, é a criação última da literatura. A vida real é tão nua e crua e o tempo, por muito que sejamos efémeros, é tão largo e imenso que não nos resta nas horas livres, senão brincar fazer poesia, se formos capazes. E não são todas as horas livres?
Fico pasmado com a poesia que tenho encontrado na blogosfera. Coisas realmente boas! Comparadas com a minha fico tão diminuído que passo a não conseguir ver-me. Ora vejam um exemplo:
Oiço alguém que me diz o que quer
Ver na criança um bicho qualquer
Não concordo com nada do que ele diz
Não poderá fazer ninguém feliz
Dá para perceber? Isto, vejo agora, não é poesia, é prosa que rima.
Ora aqui vai uma tentativa de chegar ao pé do que é a poesia
(já apaguei o texto três vezes)
Cheguei sem dizer nada e tu não deste por mim
Fui ficando até que um dia te ouvi ao longe sussurrar
Percebi que perguntavas, enfim, quem é aquele rapaz?
No dia seguinte foi o teu olhar que eu finalmente fui encontrar
Deambulo, vagabundeio
e pontapeio as estrelas que brilham
Para que se acautelem e não ousem pensar que são livres
De um dia deixarem de brilhar
Sou assim, ferro e carvão em brasa
Por ti que todos os dias
Contas com o seu brilho para em paz adormeceres

Bom...ok! Não sou poeta. O quê?
Terras distantes que os rios calcaram
(estou-me a rir)
ponto final parágrafo na poesia

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

meditação

Levantou-se, fez a barba, tomou banho, matabichou e pôs-se a caminho. Subiu o monte e sentou-se.
Levantou-se. Atrás dos seus pés vinham umas raízes selvagens que tinham começado a enrolar-se nele, tomando-o por um tronco velho; chegou a casa leve como se tivesse dormido um sono perfeito e restaurador. Olhou-se no espelho e não se reconheceu; a barba chegava um pouco acima da linha dos mamilos. Quanto tempo tinha lá ficado em cima? Não sabia. E pensando bem, a pergunta era desnecessária. A verdade é que desde aquele dia em que fora despedido que não tinha tomado decisão mais acertada. Estava magro, é certo, qualquer um o tomaria como um vagabundo, sim, mas forte como um touro, sentia-se forte como um touro; não, forte como uma raiz; sim, uma daquelas raízes que persistentemente furam o que quer que seja desde que lhes seja concedido o tempo necessário. “Como uma raiz, sinto-me forte como uma raiz!” Pensou, enquanto cofiava a barba com a mão esquerda.
Com a mão direita começou a desfiar o sonho que tinha tido desde que se sentara naquela rocha simpática, no cimo daquele monte tranquilo. Foi mais ou menos assim.
Um ponto negro surgiu no centro do seu campo de visão para ser rodeado e absorvido por um ponto, um pouco maior, de luz branca. Este ponto começou a crescer lentamente até ocupar toda a sua mente, numa dimensão profunda e enigmática. Seduzido pelas sensações boas que este novo mundo lhe proporcionava, deixou-se ficar como que no vazio, sem tentar perceber ou interpretar o que parecia ser ininteligível e desprovido de significado.
Abriu os olhos, a barba estava crescida e pensou de imediato. “Perdemos tanto tempo com coisas insignificantes. Passamos tanto tempo a lutar connosco próprios. No fundo temos medo, um medo profundo de perder, de ficar a perder.” E continuou na constatação do que na altura lhe parecia ser um facto: “Se quiser ser um estou perdido...”
Enquanto se levantava e arrancava involuntariamente do solo, com esse movimento, as raízes rebeldes e tenras, deu com o olhar de um pequeno pássaro que se apressou a piar, antes de levantar vôo. Com o olhar seguiu a trajectória alada do pequeno ser até o perder de vista. Nesse momento sorriu levemente. Mas o sorriso, induzido por uma força irreprimível, foi aumentando gradualmente até que se transformou naqueles grandes sorrisos em que mostramos todos os dentes. Mas a força continuava lá, recomeçou a agir e do sorriso brotou uma pequena risada, como um gemido que se transformou a pouco e pouco numa sonora e saudável gargalhada. Quando parou de rir percebeu que a sua mente abarcava totalmente uma só coisa: O piar daquele pássaro.
Só quando chegou a casa e viu que não se reconheceu é que percebeu. O pássaro tinha-lhe piado duas palavras bem humanas: ”Bem-vindo”

Considerando

Não há na Natureza nada mais belo que a mulher. Ela encontra-se no topo da escalada evolutiva das flores. Maldito o homem que não vê que no final das contas não passa de um jardineiro.

Bakunine

"A Roma jesuítica e papal é uma aranha monstruosa que está eternamente ocupada a reparar os rasgões feitos por acontecimentos que ela nunca foi capaz de prever, na teia que ela constrói sem cessar, na esperança de se poder servir dela um dia para esmagar a inteligência e a liberdade do mundo."

Stephen Island

Wooded island was the only habitat of a unique species of New Zealand wrew wich was simultaneous discovered and exterminated in the year 1894...

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Como é que se vai para o Rossio?

Entabulei conversa com ele e bastaram 30 segundos para perceber que tinha sido imprudente. Nos seus olhos brilhava uma luz de mentecapto misturada com uma expressão de fraticida. Sobretudo quando dizia entre os dentes, sorrindo amargamente, "somos todos irmãos". A seguir, reparei que as suas palavras vinham acompanhadas de um mau-hálito que se sentia a meio metro de distância e eu, ali, a 20 centímetros dele, acabadinho de lhe perguntar "como é que se vai para o Rossio?"
Não sei se estão a perceber a provação que passei...Eu bem lhe dizia, depois de lhe ouvir meia dúzia de palavras nauseabundas, a tentar descartar-me, "Ah! Já sei...!" Mas ele era daquelas pessoas que se colam a nós, convictas que estão a ser as salvadoras do nosso dia e a prestar-nos um enorme serviço, pelo que retorquia " Já sabe? Então é para onde?"
Como foi que me consegui descartar daquela pessoa, pergunta alguém de espírito mais inquisitivo; pois bem, olhei bem nos olhos do maldito e disse-lhe: "Olhe, com o devido respeito...o senhor tem de ver o seu mau-hálito...talvez tenha um dente podre...Não tem? Bom então talvez tenha problemas de estômago...Não? Como não me lembrei de mais hipóteses, o entusiasmo puro que nasce em mim sempre que uso da sinceridade com as pessoas começou a esmorecer e ele, como se o percebesse, adiantou a palavra e disse-me triste, melancólico e com o ar mais abatido do mundo, antes de me virar as costas e desaparecer, engolido pelo gigante voraz da multidão: "Passei muitos anos da minha vida a mentir aos outros!"
E eu fiquei ali, a utilizar todos os sentidos na percepção da frase mais sincéra que já ouvira antes; não só pelo conteúdo, que este por si só não nos garante a fidelidade da mensagem, mas pelo tom de voz usado, pela expressão desenhada no rosto e, principalmente, pelo brilho cintilante dos seus olhos, um momento antes de me libertar do fardo da sua presença. Sinto pesadas estas palavras mas...não posso deixar de as publicar. Esta história tem por base acontecimentos verídicos.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Resposta ao desafio de Lyra

As 5 manias que tenho, Mais 5 de bónus:


Tenho a mania de
1º ..limpar os pés no tapete
2º ..mastigar com a boca fechada
3º ..Comer com talheres
4º ..Cumprimentar as pessoas quando chego
5º ..de que sou educado
6º ..de pensar que quando estou bem é para sempre
7º ..que sou único (o que por um lado é verdade, por outro não é)
8º ..de conhecer
9º ..de me meter com as pessoas
10º..de não deixar luzes acesas desporpositadamente(esta é a mais séria de todas)

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

dia 1 de Fevereiro

No outro dia dormi perto da praia. Aqui na MAdeira estão a fazer um monte de passeios à beira mar. Neste caso passei a noite no passeio do Jardim do Mar. Eles têm uma bela promenade onde as pessoas se passeiam ou correm e depois um relvado. Resolvi estender o saco cama debaixo de uma das muitas pequenas palmeiras lá existentes. Não fosse cair durante a noite muita, como se diz?, aquela humidade que cai do céu...bom. Deitei-me cedo que estava cansado e tal. Adormeci. Mas peguei mal no sono e parecia que estava sempre a acordar...sabem como é dormir num sítio público...? No caso de não saberem experimentem...Não vos aconselho a morrer sem dormir como os animais, os pobres, os princípes e os nossos antepassados dormiram. Bom, num sítio público há sempre a hipótese de sermos incomodados. Por isso o meu sono não estava tranquilo. As tantas olhei para o relógio e percebi com surpresa que já tinham passado 3 horas e meia depois do primeiro sono. Já???Parece que me deitei agora...! Deitara-me às 21 e 30. A seguir adormeci outra vez e só acordei com um estranho barulho que na verdade nem me acordou, colou-se-me ao sono, não ao sonho que não sonhava. Se fosse uma serpente a chiar,as serpentes não chiam, mas voçês percebem, se fosse o caso, tinha levado uma dentada. O que chiou foi o aspersor de rega. Começou a funcionar mesmo a 1 metro de mim. Depois jorrou-me um belo jacto de água fria na cabeça. Levantei-me como pude fugindo à agressão. Mas aí o jacto de água apontou na minha direcção. Fugi novamente, ainda dentro do saco cama, com uma cambalhota à retaguarda, eu sou de educação física. Fiquei fora do alcance da água com uns pulinhos. Olhei para o relógio. Eram 5 horas da manhã. Exactamente a hora que eu tinha marcado como boa para me levantar...
Então? Deus é grande! Hein?

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Prece

Óh divino poder dos inícios que acabou por dar nisto tudo que vemos e não vemos, priva-me da mesquinhez que carrego comigo, arranca a grande raiz de infortúnio que teima em crescer dentro de mim e colocai no meu caminho uma mulher justa e de bom-senso com grande capacidade de visão para poder vislumbrar algo que valha a pena por detrás desta grande máscara de pateta que uso todos os dias.